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29 outubro 2013

Verão passado

Estávamos deitados no chão olhando o céu escuro e cheios de estrelas. Senti seus olhos me fitando, sabia que alguma coisa estava o incomodando. Olhei pra ele, que acabou desviando seu olhar do meu.

– Fala. – Disse.
– O que?
– Não se faça de desentendido. O que está te incomodando tanto?
– Só quero saber como vai ser. Sabe... ?

– Não, acho que não. – Menti, sabia exatamente do que ele estava falando. Só não queria falar sobre isso. Sempre tive medo do futuro e agora que está tudo indo tão bem tenho mais medo ainda. Ás vezes o desconhecido me atrai, mas ás vezes simplesmente me assusta.

– Quem está se fazendo de desentendida agora? – Falou tentando parecer irritado, mas sabia que ele só estava curioso e atrasando o assunto assim como eu.

Nada falei. Voltei a olhar para o céu que nunca esteve tão perfeito. Me desliguei por alguns minutos. Escutei seu suspiro, ele iria voltar ao assunto.

– Como vai ser? – Ele deu uma pausa, esperando que olhasse pra ele talvez. Então o fiz e ele continuou. – Quando o verão acabar?

A pergunta que eu tanto temia, porque talvez seja uma das poucas que eu não sei a resposta. Nesses últimos dias percebi que na verdade eu não quero saber.

– Eu não sei, eu não tenho a mínima ideia. Mas quer saber? – Falei enquanto chegava mais perto dele. – Vamos congelar esse momento. Aqui, agora. E aconteça o que acontecer é desse momento que eu vou lembrar.

Ele não disse nada. Me afundou em seus braços e me apertou em seus beijos.

27 outubro 2013

Sozinho

Cercada de pessoas e ainda assim tantas almas se sentem sozinhas
Falam tanto, mas não dizem nada
Tentam fazer sentido e não conseguem entender a si mesmas
Querem respostas e simplesmente não as procuram

Deitada em sua cama aos prantos Elena pensava sobre essas coisas e a pobre moça não conseguia decifrar os próprios sentimentos. Sem conseguir dormir, sem conseguir sonhar. Ela nunca se sentiu tão sozinha. Nunca quis tanto um ombro. Nunca quis tanto fugir. Não conseguia se abrir, e ah, como ela queria se sentir livre. Era como se estivesse algemada. Tentou separar a vida em tópicos, coitada. Elena não sabe, mas ela só precisa se permitir: sentir.

11 outubro 2013

Grande pequena dor

Quem quer escrever sobre tristeza? Bom, Maria não tinha escolha. Era o único jeito dela afastar a dor que tomava conta de cada pedacinho dela. E ah, como Maria era pequena.

08 outubro 2013

Eterno

Eterno, tão eterno quanto o terno do meu avô. Quanto o amor dele por minha avó. Eterno, tão terno como a brisa de primavera que acalma vários corações desamparados. De manhã a manhã. Eterno tanto quanto aquela fotografia amarelada que você encontra em uma gaveta esquecida qualquer. Eterno como a finita felicidade. Eterno por segundos, por minutos, por anos, por séculos. 

07 outubro 2013

Laços

Desisti de amarrar cadarços. Laços. Essas coisas. As vezes que me permiti ser amarrada foi tão forte que sufocou. Desfaze-lo foi mais difícil ainda. Hoje talvez aceite ligações frouxas. Que me sinta com os pés no chão, porém livre.

06 outubro 2013

Errado

Tá tudo errado. Por dentro. Por fora. Em todo lugar. Não sei mais lidar, ninguém sabe, todos sabem, menos eu. Tudo é tão finito. Tudo tem um limite tão pequeno, e a minha vontade de expandir já não basta mais. Sentir. O que é sentir? Já não sinto mais. Tá tudo vazio.